Soul

Existe uma regra não escrita da Pixar: “Ou você chora no começo, ou chora no final”. Soul com certeza faz parte do segundo caso e acho que o exemplo mais claro que não foi feito para crianças. Acho que é uma continuação dos temas que Docter tratou em Inside Out com algumas variações. No filme anterior, ele mostra como não existe emoções boas e ruins, como tudo tem o seu lugar. Em Soul, ele mostra como não existe um propósito único na nossa vida e que existem pessoas que simplesmente gostam de andar ou de olhar para às árvores.

No entanto, essa mensagem extremamente importante e delicada pode ficar perdida no meio das piadas e das regras criadas no mundo dessa animação. Nos videogames, foi criado um termo chamado “dissonância ludonarrativa”, que quer dizer que já uma contradição entre a história do jogo e como ele funciona, o que o de jogador precisa fazer para progredir. Por exemplo, um jogo tem uma cena em que o protagonista reclama do horror de matar uma criatura, porque ele está sozinho nessa ilha e precisou matar um cervo para sobreviver, mas por outro lado, a mecânica do jogo é matar centenas de capangas para passar de fase, e ganhar bônus quando o herói atira na cabeça dos vilões.

Da mesma forma, há uma contradição entre a mensagem do filme e as regras criadas nesse mundo, a “mecânica” de como o mundo funciona. A mensagem do filme é de que não há um propósito único para cada pessoa e que a vida é imprevisível e que cada um precisa aprender conforme vive. No entanto, nesse mundo as almas só podem ir para a Terra quando elas tem o seu “spark” preenchido, ou seja, elas precisam de um propósito sim para poder nascer.

Não estou dizendo que o próximo filme da Pixar, ou do Docter precisa de um tratado completo e um mundo descrito nós mínimos detalhes para contar uma história, mas talvez tomar um pouco de cuidado nas regras que são criadas para o mundo que vamos visitar

Dune

Eu li Duna pela primeira vez – traduzido para o português mesmo, antes de ser chato e só querer ler as coisas no original – há muitos anos atrás, acho que lá pelo final dos anos 90, por recomendação de um amigo, que tinha lido a série inteira. Agora com a nova adaptação programada para 2021, e sem muitas ideias do que ler resolvi reler Duna, com o bônus de que nunca tinha lido o texto em inglês.

O livro continua exceptional e mostra o quanto Herbert investiu em pesquisa para criar um universo tão diferente do resto da ficção científica.

Kelvin and The Infamous Machine

Google lançou recentemente a sua versão do Apple Arcade, chamado Google Play Pass, com as mesmas condições: 10 reais por mês, uma seleção de jogos disponíveis e sem propagandas, microtransações ou qualquer outro tipo de pagamento. Isso com certeza incentiva experimentar jogos sem ter que se preocupar em gastar com cada um e ter só algumas horas para pedir o dinheiro de volta e etc. Fator que me levou à Kelvin and the Infamous Machine, lançado em 2013, mas acho que se sentiria muito mais à vontade nos anos 90, com os adventures da Lucas Arts e Sierra. Infelizmente, Kelvin aparenta ter aprendido as lições erradas do gênero, com o humor constrangedor e os puzzles bizantinos e goldbergianos me fazendo ir para um walkthrough a cada par de passos. Talvez os próprios Adventures consagrados como Monkey Island e Day of the Tentacle não se dessem muito bem hoje em dia, porque a dificuldade das tarefas, como colocar um roedor no microondas para secá-lo é o que dava a duração extendida do jogo.

Ever

Ever por Terry Moore

Primeiro livro depois de Five Years, Ever continua firmemente no Terryverse, mas introduz personagens novos como a titular Ever (ou Everly) além de um anjo nada confiável chamado Timothy. Também serve como um “Silmarilion” para este mundo, explicando em mais detalhes a origem de Lilith e a expulsão dos humanos do paraíso. É impressionante o quanto de história e construção do mundo está condensado nesse livro com menos de 100 páginas. Eu realmente espero que seja uma série para podermos ter algumas respostas para esse final, mas acho pouco provável considerando que o próprio Moore disse que já tem uma série prevista para Janeiro chamada Serial e até agora só tivemos uma série por vez.

100 dias para Enamorarmos

Mais uma série que eu assisti com minha mãe. Depois de Gran Hotel, que acho que nem postei aqui 😛

É uma sitcom bem feitinha e engraçada, com alguns momentos dramáticos inesperados, mas muito bem colocados e delicados. Vale completamente se você quer uma coisa normalmente leve e não se importa em ouvir espanhol.

Spiderman: Miles Morales

Uma excelente continuação no tamanho certo para quem queria um pouco mais do Homem Aranha do PS4. Aliás, o combate ficou bem melhor com os poderes novos, dando uma fluidez maior entre os combos e ataques especiais. Foi muito interessante ver elementos claramente trazidos do filme do Spiderverse, mas com uma leitura própria e consistente com o jogo anterior