Final Fantasy VII Remake

Um dos jogos mais emblemáticos de maneira geral e especificamente da série Final Fantasy, o Remake teve um pouco de controvérsia quando os desenvolvedores pediram para ninguém soltar spoilers do jogo, o que deixou muitas pessoas pensando: “Como é possível ter spoilers de um jogo de mais de 20 anos atrás?”, até que as pessoas começaram a jogar o Remake e perceberam que tem um jogo de palavras muito interessante e talvez até malicioso em chamar esse jogo de Remake.

Outro fato importante, e que talvez tenha sido um dos fatores principais para eu não ter gostado tanto dessa versão é que o diretor é o mesmo de Kingdom Hearts 3, Tetsuya Nomura, e pode se ver claramente o estilo do KH3 aqui. Há de novo espíritos sem coração atrapalhando os heróis, mas aqui se chamam whispers e procuram impedir que o destino seja alterado.

Eu compreendo que talvez fosse difícil passar vários anos, talvez mais de 10, pelo ritmo das coisas, simplesmente recriando uma obra que nem foi escrita por ele, e naturalmente Nomura quis dar seu traço há uma obra em que ele investirá tanto tempo e esforço e não deixa de ser interessante o quanto esse jogo conversa diretamente com seu antecessor de 1997. Mas ainda assim, é uma pena que algumas cenas icônicas de 97 sejam apenas mostradas em cortes rápidos, flashbacks ou talvez nem sejam mostrados nas novas sequências, já que o jogo atual cobre apenas o início da história.

Outro fator que me incomodou foi o combate que parece indeciso entre ser em turnos ou em tempo real: os ataques normais são em tempo real, e vc precisa se esquivar dos ataques do inimigos, mas os especiais invocam o menu clássico e há a chance de você errar o golpe, pq o inimigo andou nos 5 segundos de animação do golpe. O que é completamente frustrante. Aparentemente, combate em turnos não é “realista” e caiu em desuso, mas qualquer jogo não precisa ser realista, precisa ser divertido, precisa passar a ilusão de que aquilo tudo podia acontecer, sem tirar a graça das coisas, de realismo basta a vida real.

Ayoade on Top

Escrito por Richard Ayoade

Curiosamente, eu soube desse livro através do Graham Norton, o melhor show de entrevistas que eu já vi, mesmo que sejam só os trechos que aparecem no Youtube. De qualquer forma, num desses trechos, Richard Ayoade, que ficou famoso pelo show The IT Crowd, comenta que escreveu um livro sobre uma pérola do cinema, ignorada pela maioria: View From The Top, com Gwyneth Paltrow, Mark Ruffalo e dirigida por Bruno Barreto, talvez mais conhecido por aqui por “O que é Isso Companheiro?”. Ayoade portanto resolve trazer a público e à superfície essa obra prima da sétima arte.

A primeira coisa que notei, é que Ayoade tem completo domínio não só da escrita, mas do discurso retórico usado pela Academia, Literati, Intelligentsia e polímatas de plantão para defender qualquer assunto. Ele faz uma pesquisa profunda e mostra paralelos que só seriam mais incríveis se tivessem sido inventados, aliás, o fato de todas as referências realmente existirem, mostra não só a criatividade do autor como a vida real é a melhor fonte dos exemplos mais estranhos.

Esse livro é ao mesmo tempo uma leitura leve e divertida e algo que me fez pensar muito e ir atrás de várias das referências citadas aqui.

She-Ra

Em sua encarnação original, nos anos 80, She-Ra foi introduzida como irmã do então já super famoso He-Man, numa tentativa de atrair as meninas para a série e com certeza vender brinquedos e bonecas para essas meninas, de preferência. Eu adorava o desenho dela, que era mais bem feito que o desenho do irmão e o vilão, Hordak, era bem mais legal que o Esqueleto.

Então, fiquei curioso quando a Netflix anunciou em 2018 que faria uma releitura do desenho chamando de “She-Ra e as Princesas do Poder”, dando mais espaço para personagens que só apareciam de vez em quando no desenho original. E desde o começo eu vi que a série tinha um humor muito bom, histórias bem escritas e personagens interessantes.

Mas foi na quarta temporada que a série me surpreendeu, pois levou a série para uma direção completamente diferente e algo que não se podia sonhar antigamente: She-Ra pode ter sido episódica no começo, mas claramente tinha um enredo planejado e dava espaço para os personagens desenvolverem e a trama crescer. A quinta temporada é uma obra incrível, em que não se para um momento e a cada episódio a tensão aumenta e eu ficava pensando: “Mas ainda faltam 5 episódios, eles vão terminar agora? O que vai acontecer com o resto?” E aí, novos perigos apareciam e a tensão aumentava.

She-Ra é sem dúvida um dos melhores desenhos que eu assisti e Noelle Stevenson merece todo o crédito e louvor que está recebendo

Fargo – temporada 1

Depois dos excelentes Anne with An E e Unorthodox, fiquei procurando por outra série para assistir com a minha mãe e ela disse que sempre gostou de policiais, o que é verdade, mas ela gosta daquelas histórias de detetive antigas, tipo Columbo, o que é mais difícil de encontrar hoje em dia.

Aí procurando pelo Netflix, encontrei essa série e ambos adoramos o filme dos irmãos Coen, que inclusive são produtores. Tendo terminado a primeira temporada, posso dizer que essa adaptação não reconta a história do filme, o que acho que foi uma decisão muito acertada, e mantém o mesmo espírito do filme, no sentido de coisas estranhas que acontecem numa cidade que praticamente não se encontra no mapa. O elenco é maravilhoso e conta com pesos pesados, como Martin Freeman e Billy Bob Thornton, além de aparições de Oliver Platt, Adam Goldberg, Jordan Peele e Stephen Root. Allison Tolman faz uma adaptação (ou homenagem) à personagem de Frances McDormand no filme, o que não é fácil de se fazer.

Um aviso importante, é que essa série é razoavelmente violenta, então por esse lado, está muito longe do estilo Columbo e Agatha Christie de antigamente

Hero

Eu tinha uma regra que dizia que se o autor tivesse “Terry” ou “Moore” no nome, o livro era no mínimo muito bom, com chances de ser genial. Tinha funcionado muito bem até agora: Alan Moore, Terry Pratchett, Richard Moore, Terry Moore, que é completamente genial, provavelmente por seguir a regra 2 vezes. Até ler um livro de Perry Moore.

E o livro não é horrível, tem ideias bem interessante no campo de filho de super heróis que começa a descobrir seus poderes e etc. O problema principal é que o autor não se decide entre um tom super sombrio com uma mãe ausente, um pai potencialmente abusivo e muitos outros problemas. Por outro lado, é super leve e engraçadinho com paralelos claros a Super-Homem, Batman e Mulher Maravilha, entre outros, com um clima de My Hero Academia, ou Harry Potter. Ainda por cima,tem um romance platônico com um garoto com que ele joga basquete.

Mas o autor até escreve bem, e as coisas estavam caminhando bem. Mas aí aparentemente Moore decide que precisa entrar no terceiro ato imediatamente e tira uma crise do nada, com direito a controle mental, explosões e um twist tão sem sentido e sem fundamentos no livro até aquele momento que o próprio Shyamalan ficaria receoso de usar.

Enfim, pelo menos acabou. E eu continuo na minha busca de bons livro sobre super poderes